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segunda-feira, 6 maio, 2024

Vingança é um prato que não se deve comer

Personagem indigesta: mais para vilã do que mocinha

Não sou muito de novelas, mas de vez em quando estou ao computador atualizando o blog ou escrevendo meu livro e acabo, sem querer, acompanhando o que minha mulher assiste na tv. E assim acabei conhecendo um pouco de uma das tramas exibidas num determinado canal. Concorrências à parte, me instigou o tema central do folhetim: a vingança de uma menina pobre que ficou rica, contra sua ex-madrasta que a maltratou quando criança. Pelo que vi essa menina acabou destruindo a vida de muita gente com essa vingança: a do garotão que diz amar, a de uma amiga de infância e tornou um inferno sua própria vida. Só não conseguiu destruir a vida do seu principal alvo, essa tal madrasta.

Pensando nessa coisa de vingança me veio à mente uma coisa. Sempre ouvimos o ditado que diz que “Vingança é um prato que se como frio”. Vou discordar em gênero, número e grau. Muito além da novela mostrar que a tediosa mocinha só tem ferrado a vida dos outros e a própria com suas atitudes, qualquer vingança me soa como um dos atos mais sórdidos que uma pessoa pode cometer.

Sempre acreditei no princípio da ação e reação que aprendemos nas aulas de física, a chamada Terceira Lei de Newton, que diz: “a toda e qualquer ação se opõe uma reação de mesma proporção e intensidade”. O espiritismo explica isso com a Lei da Ação e Reação ou da Causa e Efeito. Em termos gerais, entendo que recebemos de volta tudo aquilo que produzimos com nossas atitudes, seja de bom ou de ruim. Numa linguagem mais objetiva significa que se eu der uma tapa em alguém, não receberei nada que não seja outro tapa de volta. Se trato alguém com afeto e carinho, com certeza será isso que receberei em troca. Se xingo, sou xingado. Se elogio, posso ter o mesmo. Enfim, me parece muito claro que atitudes maldosas só atraem atitudes ídem. E assim com as boas ações. E para mim, querer que alguém se ferre numa vingança, não me parece mais que uma maneira ignorante e baixa de desejar o mal.

Vingança por vingança, para mim, é um prato muito indigesto. Ela é mais saborosa quando você demonstra que passou por cima das picuinhas e da mediocridade com dignidade, quando você prova que esta acima disso com sua humildade e valores. A vingança está muito mais próxima da arrogância e da inveja do que se imagina, portanto, não coma esse prato – nem frio, nem morno e muito menos quente. Saboreie apenas suas conquistas. Isso por si só já serve de troco para os infames.

Ogg Ibrahim
Ogg Ibrahimhttp://oggibrahim.com.br
Jornalista com 34 anos de profissão, ex-repórter nacional da Rede Record, Mestre de Cerimônias, radialista e Palestrante, Produtor de vídeos e CEO na Talk Soluções em Comunicação.

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3 COMENTÁRIOS

  1. “O que tu escrevestes no teu artigo inegavelmente é super politicamente correto:MAS(tudo nessa vida tem um *MAS*),é difícil de seguir a cartilha do bem exatamente como ela manda”.

  2. Na teoria pode ser, mais num país desse aonde a impunidade reina, temos que voltar a idade media, dente por dente olho por olho.

  3. Gostei muito do texto e sou adepta da mesma linha de pensamento. Temos que conquistar o nosso espaço sem deixar que as adversidades nos atrapalhem. Mas se formos parar para analisar a sociedade na qual vivemos, onde homens estupram crianças, políticos utilizam do poder para roubar a população e bandidos matam só por matar, fica muito difícil acreditar no “deixa para lá”. Parabéns pelo seu trabalho!

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