Fazia trinta e dois dias que não chovia em São Paulo. Mais de um mês sem o paulistano ver uma gota d’água sequer. A coisa está tão ruim que basta passar na frente de um posto de gasolina e ver uma placa escrito “Ducha Grátis” que já tem lá uma fila de gente com toalha e sabonete na mão! Brincadeira, claro. Mas não será impossível disso acontecer se a chuva continuar não dando as caras por aqui.
Mas nesse domingo choveu bastante. Em várias regiões da cidade caiu até granizo. Aliás, mais granizo que chuva mesmo! A coisa foi tão feia que a gente até poderia dizer que choveu “granito”. Carros ficaram danificados, ruas inteiras ficaram encobertas pelo gelo. Parecia neve. Capaz até de alguém ter encontrado um pinguim passeando. Foi assustador!
E com essa falta d’água em São Paulo, com certeza alguém pôs baldes no quintal e está esperando o granizo derreter pra tomar banho. Já imagino o camarada esfregando “as pedras” no corpo junto com o sabonete.
Que situação! Situação em que vamos por a culpa em apenas duas pessoas. São Pedro é uma delas, é claro. ELe fechou as torneiras do céu quando deveria tê-las esquecido um pouco mais abertas nos primeiros meses do ano. Mas como, geralmente, nessa época pinta um monte de gente rezando pra não chover por causa das enchentes na capital, dessa vez ele levou os pedidos à sério. Pra não ter enchente, não pode ter chuva. “Então tranca tudo”, teria dito ele lá em cima. Porque aqui é assim: se dez pessoas espirrarem em determinado bairro já alaga uma rua!
E quem mais tem culpa? Ahaaaaaa… isso mesmo: nosso ilustríssimo Governador, Geraldo Alckmin. Aliás, não só ele, mas todos os antecessores que jamais se preocuparam com a falta d’água em São Paulo. Nos últimos 20 anos não houve planejamento, não houve obras, não houve nada que pudesse melhorar o abastecimento da nossa cidade. De certo eles todos olhavam para aquele “marzão” de água que é (era) o Sistema Cantareira e pensaram que aquilo nunca ia ter fim. Eles também jamais imaginaram que a Dona Maria, a Dona Francisca, a Creusa, a Juvonete e as milhões de Ivoneides iriam gastar mais água lavando a calçada e o quintal nos últimos anos. E olha que em 2012, dois anos atrás, eles já sabiam que o consumo de água vinha subindo consideravelmente.
Afinal, eles seguem o “nosso” Padrão Fifa pras coisa que tem a seguinte política: “pra que remediar se a gente pode remendar depois?”. E é isso que estão fazendo agora. Remendando a falta d’água fazendo uns gatos daqui e outros dali pra encher o Cantareira de novo. Enquanto isso São Pedro está lá, na dele, de braços cruzados, dando risada de tudo isso! E tenho certeza de que até o Góvis andou rezando pra ele pra não chover no início do ano por causa das enchentes! É mole?
Não é só com a água não. Tudo nesse país não tem planejamento a longo prazo. É tudo, sempre, pra resolver paliativamente o problema e deixar o abacaxi pro próximo que entrar. Tem sido assim no trânsito, com a água, vai ser com a energia e em vários outros setores. Acho que os gênios que administravam o governo nos séculos passados pensavam que a população jamais iria crescer, que o consumo de tudo jamais iria aumentar, então acharam magnífica a idéia de projetar tudo para “dez anos a frente”. Enquanto isso em países como o Japão e a Alemanha, por exemplo, quando se pensa numa obra, pensa-se 100 (CEM!!!) ou mais anos pra frente. Mas aqui isso não pode! É muito tempo pra ter que se fazer outra obra-remendo depois.
Bom minha gente, eu não sei vocês, mas eu já tenho usado a água da piscina do condomínio pra tomar banho. Pelo menos o cloro ajuda a matar as bactérias. Agora se a coisa continuar como está, a gente vai ter de guardar cada espirro que der para, pelo menos, escovar os dentes. E sarcástico que é, São Pedro sacaneou: ao invés de chuva, mandou gelo. Só pra ver quanto tempo demora pro povo encher o balde, derreter as bolas, esquentar a água e, enfim, poder tomar um banho “razoável”. Pô São Pedro, manda a enchente aí de novo, vai!!
Muito boa.