Antes mesmo da liberação da vacinação contra Covid no público infantil, cerca de 58 mil crianças e adolescentes podem ter sido imunizados indevidamente em todo o país. 1.014 só em Mato Grosso do SUl.
O número foi apontado pela AGU (Advocacia-Geral da União) em manifestação encaminhada ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski. O documento foi enviado na terça-feira (18) pelo advogado-Geral da União, Bruno Bianco, com base em dados da RNDS (Rede Nacional de Dados da Saúde). Vale lembrar que os números podem conter variações devido ao lançamento manual das informações pelos municípios.
Dentre as doses aplicadas para as crianças e adolescentes, estão os imunizantes Coronavac, Astrazeneca, Pfizer e até mesmo Janssen. Destas, apenas a Pfizer — em dose pediátrica para pessoas de 5 a 11 anos e dose adulta para maiores de 12 — é autorizada pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicação no público menor de 18 anos.
Os dados apresentados no Supremo descrevem, ao todo, 711 vacinados no Estado de 0 a 17 anos de forma supostamente irregular, que teriam tomado doses da Coronavac, Astrazeneca e Janssen, não indicadas para o público. Outras 303 crianças teriam sido imunizadas com doses da Pfizer aplicada em adultos. No público de 5 a 11 anos, a tabela traz 131 casos sob suspeita, além de 124 imunizações em crianças de 0 a 4 anos.
A vacinação indevida teria ocorrido em todos os estados do Brasil. O documento da AGU aponta um total de 57.147 crianças e adolescentes que podem ter sido imunizados com doses não autorizadas para a faixa etária. Na manifestação, o advogado-Geral da União lembra que, em setembro, o Ministério da Saúde enviou dois ofícios aos estados e ao Distrito Federal, questionando os dados sobre a aplicação de vacinas neste público. Porém, ele afirma que não foi dado retorno à Pasta. Bianco destaca que a vacinação com dose contra indicada pode gerar danos à Saúde das crianças.
As unidades federativas terão até 48 horas para responder sobre os dados. A secretaria de Saude de MS informou que o numero apresentado decorre apenas por erro na inserção de dados sobre a vacinação de crianças e não significa que elas tenham mesmo sido vacinadas indevidamente. Segundo o secretário-adjunto, Rogério Souto, não há registro de aplicação feita de forma irregular. Já a Prefeitura de Campo Grande afirmou não ter sido notificada até o momento pela AGU (Advocacia Geral da União) sobre qualquer caso das 280 crianças de 5 a 11 anos vacinadas com imunizantes da Pfizer de dosagem para adultos. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) negou a informação e disse que irá buscar a origem dos dados divulgados na imprensa.
(Com informações do Midiamax e Valor Econômico)