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sexta-feira, 10 maio, 2024

Podem dirigir bêbados e matar. A justiça permite!

A arma do crime: tudo gravado e motorista solto

Um cara pega uma arma, aponta para uma pessoa e atira. Morte na certa. Tudo é gravado e há testemunhas. O cara vai preso e aí vem um juiz, estabelece uma fiança de 12 mil reais e solta o cara depois de paga. Ele vai responder o processo em liberdade, mesmo com todas as provas contra ele. Essa é a justiça que temos no Brasil.

O caso não foi bem assim. Mas foi como se fosse. Na verdade, um jovem saiu da festa da empresa totalmente embriagado, pegou seu carro sem ter condições pra isso, dirigiu, perdeu o controle e atropelou duas mulheres – mãe e filha – na calçada do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A partir do momento em que esse sujeito deu a partida no carro, foi como se tivesse carregado de balas um revólver. Ao sair dirigindo, foi como se tivesse colocado o dedo no gatilho. Ao atropelar as duas mulheres e matar uma delas, foi como se tivesse atirado à queima roupas. É uma nítida intenção de matar. E o que acontece? Ele paga a fiança e é solto. Provavelmente por um juiz que “levou bola”. Provavelmente por um magistrado que está se lixando para a família da mulher que morreu. Provavelmente por um homem que se diz “da justiça” que parece estar se lixando também para as leis, principalmente para a Lei Seca. Me pergunto se esse “nobre” magistrado consegue dormir pensando no que esse rapaz fez ou se ele nem se lembra do habeas corpus que assinou para liberá-lo, tamanho devem ser seus afazeres.

Wagner Alves Alvarenga: fiança de 12 mil e liberdade

Essa é a cara da nossa justiça. A justiça que tira criminosos da cadeia porque a lei permite isso. Que diga Carlinhos Cachoeira, condenado a 39 anos de prisão e que voltou alegremente pra casa essa semana. E os advogados espertos se aproveitam da deficiência judiciária. Se fosse eu um juiz, cagava pra essas brechas da lei. Matou? Vai ficar preso, não importa que artifícios seu advogado possa usar para burlar a legislação criminal. Deixa de ser uma questão legal para ser uma questão moral.

Diz a lei que é possível que acusados de crimes podem respondê-los em liberdade quando não oferecem riscos à investigação, testemunhas ou provas. Quando não teriam motivos para fugir do país ou de cometer novamente seu ato. Me desculpe seu juiz, mas o senhor errou se adotou este pensamento. O rapaz de 23 anos que atropelou e matou aquela senhora pode sim encher a cara de novo, pode sim pegar seu carro novamente por mais que esteja com a carteira apreendida e pode sim matar outras pessoas. Ao que me parece, esse juiz soltou o rapaz e ainda lhe devolveu a chave do carro para que ele tenha a possibilidade de cometer o mesmo erro novamente. Por isso a Lei Seca não funciona. As pessoas estão mais preocupadas em fazer o linchamento público de uma celebridade como Luciano Huck do que por e manter na cadeia quem realmente leva seu crime à cabo. Não quero de maneira alguma defender Huck, que teve sua punição merecida – carteira suspensa, multa alta e a própria mancha na popularidade (que duvido muito que seja grande). Mas o caso tomou mais dimensão que a morte da senhora no aeroporto.

Até quando viveremos com essa impunidade? Até quando as pessoas embriagadas ao volante vão continuar matando e ferindo outros sem que a justiça os atinja? E mesmo que os atinja, é só de raspão, incapaz de causar qualquer dano maior. Se safam aqueles que tem dinheiro para pagar a fiança. Quem não tem, esses sim acabam virando bois de piranha para que a justiça se refestele e brade em tom alto que está cumprindo seu papel. Lamentável!

Ogg Ibrahim
Ogg Ibrahimhttp://oggibrahim.com.br
Jornalista com 34 anos de profissão, ex-repórter nacional da Rede Record, Mestre de Cerimônias, radialista e Palestrante, Produtor de vídeos e CEO na Talk Soluções em Comunicação.

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