Sempre que íamos à casa de amigos, formava-se aquela separação, de um lado os Bolinhas, de outro as Luluzinhas. Mas eu não durava cinco minutos na roda feminina, porque sempre me chamava a atenção o assunto que rolava na roda dos Bolinhas: política.
Tinha futebol também, mas deste assunto não entendo bulhufas e nem gosto, então, era a hora que eu voltava pro outro grupo.
Essa atitude sempre foi inconsciente, até o dia em que um amigo do meu marido me disse que eu tinha a alma masculina. Aquilo gerou um enorme ponto de interrogação na minha cabeça. Por que?
Como boa analítica que sou, comecei a perceber que, enquanto a maioria das minhas amigas falava da casa, da novela, ou reclamava do marido e da fulana, eu buscava trazer as últimas notícias para o debate, mas daí o grupo se calava.
De fato, eu era um ponto fora da curva.
Perceber isto me levou a questionar: por que tantas mulheres preferiam assistir um reality show medonho ao invés de um documentário ou o jornal, ou ler um livro, ou meditar?
Sinto alivio em dizer que esta história vem mudando de uns tempos para cá. Parece que uma parcela adormecida da população despertou e tirou a venda dos olhos. Já não era sem tempo!
Aqui a gente pode agradecer as mídias sociais que nos abriram uma porta enorme para a realidade e fizeram nascer as defensoras de um país melhor.
Hoje, a frase do meu amigo deixou de fazer sentido, porque sim, as mulheres estão gostando de falar de política, de discutir a economia, de debater sobre seus direitos. E estão buscando cada vez mais informação e crescendo com este recurso.
Eu, antes um ponto fora da curva, agora sou apenas uma entre tantas que debatem com gosto e que já não se separam nas rodas de amigos.
Fico feliz em perceber essa mudança de posicionamento, porque, quanto mais conhecimento você tem, mais forte você fica. E mulher forte, você sabe, ninguém derruba.
a ideologia.
Débora Ibrahim é administradora pública,
pratictioner em análise comportamental e
especialista em treinamento de vendas.
Insta: @deboraibrahim_