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domingo, 6 outubro, 2024

Invasão na praia dos paulistanos

Rolezaum no Shopping Itaquera: susto e correria.

A nova onda nos shoppings de São Paulo e outras capitais brasileiras tem assustado seus frequentadores contumazes e lojistas. Afinal não nos traz tranquilidade nenhuma a invasão repentina de mil, duas, três mil pessoas, a maioria adolescentes da periferia na casa dos 16 anos, correndo e gritando pelos corredores. O chamado Rolezaum (assim mesmo como eles escrevem) não tem objetivo violento, ideologia e nem bandeira a ser levantada, mas assusta pelo volume e pela algazarra.

E não é para menos. Já considerada uma espécie de manifestação, esse tipo de reunião tem soado para muitos como as manifestações do meio do ano passado que causaram terror e quebradeira em várias capitais. Imagine isso acontecendo dentro de shoppings onde famílias inteiras costumam passear nos fins de semana como um dos poucos meios de diversão que possuem.

O grande problema dessa nova onda, erroneamente chamada de arrastão por alguns pseudo-analistas, é o que ela pode acobertar. Quando se há um volume muito grande de pessoas é praticamente impossível se ter controle sobre essa massa e, como aconteceu nas manifestações, é muito fácil que vândalos, com objetivos muito mais funestos, se infiltrem ali e promovam a barbárie. Basta uma meia dúzia deles se escondendo covardemente entre os “rolezeiros” para causar terror e fazer com que a depredação se espalhe e tome dimensões incontroláveis. E, tenho certeza, não é isso que os próprios organizadores desejam.

O “rolezinho” tem, no fundo, um motivo: é uma espécie de protesto pacífico ao fim dos bailes funk de rua, proibidos por lei em São Paulo e várias outras cidades brasileiras. Os Pancadões, como são chamados, eram a única diversão dos jovens mais pobres das metrópoles que não exigiam gastos. Bastava encostar um carro com som alto na rua ou num posto de combustíveis e a festa atravessava a noite. Sem isso, esses jovens não viram outra alternativa a não ser invadir a “praia do paulistano”, os shoppings.

Sou contra qualquer aglomeração ou tumulto em locais fechados, sejam eles shoppings ou estádios de futebol. Então é preciso por uma ordem nessas “invasões” para que não venham prejudicar pais e crianças que estão ali, simplesmente, para ter algum momento único de lazer e paz. É preciso frear qualquer tipo de movimento que incite ou acoberte a violência e o vandalismo. Mas ao mesmo é preciso impedir que se instale no país uma espécie de Apartheid, proibindo os jovens das classes mais baixas de frequentar locais públicos considerados “mais requintados”, como certos shoppings. Todos tem o direito de ir e vir e a seleção deve ser natural, como já acontece hoje em relação aos locais mais caros.

Agora, os próprios organizadores dos rolezinhos devem ficar atentos pois estão criando uma modalidade de mobilização que pode – e vai, com certeza – dar cobertura a bandidos, vândalos e outros criminosos que tem apenas o intuito covarde de se esconder entre os ingênuos para promover baderna. E em ano de Copa do Mundo e Eleições, isso viria a calhar para quem pretende jogar a culpa em alguém.

Ogg Ibrahim
Ogg Ibrahimhttp://oggibrahim.com.br
Jornalista com 34 anos de profissão, ex-repórter nacional da Rede Record, Mestre de Cerimônias, radialista e Palestrante, Produtor de vídeos e CEO na Talk Soluções em Comunicação.

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1 COMENTÁRIO

  1. “EU” sou sincera me assusta estar no shopping ou em qualquer lugar e de repente entra uma horda gritando,correndo,fazendo arruaças algumas vêzes entrando nas lojas depredando e roubando os pertences das lojas.
    Não se trata de preconceito trata – se de educação,não é pelo fato *dessas pessoas morarem na periferia* que elas não possam ter educação, modos.
    Querem *consumir* estejam a vontade,tenho certeza absoluta que os comerciantes vão amar aumentar as vendas,agora roubar,apavorar é outra coisa bem diferente.
    Volto a dizer *isso* não tem nada a ver com preconceito.

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