Presidente da República achou que a vitória daria fim ao semipresidencialismo informal.
Lula depende mais de Arthur Lira do que gostaria. E a entrada do governo na briga entre Câmara e Senado pode apresentar novas complicações à governabilidade petista, a depender do desfecho da disputa.
O Planalto, assim como o presidente Rodrigo Pacheco, diz querer o óbvio, ou seja: o cumprimento da Constituição, que determina que etapa inicial da discussão de Medidas Provisórias no Congresso precisa ocorrer por meio de uma comissão formada por 12 deputados e 12 senadores.
Lira: o mais poderoso entre os poderosos
Acontece que o óbvio vai na contramão dos interesses do presidente da Câmara. E subvertendo novamente o “óbvio”, é Lira quem tem atuado em Brasília como o mais poderoso entre os poderosos, a ponto de entender que tem força para contrariar o que prevê a lei.
Certo ou errado, o que importa é que o presidente da Câmara calcula os passos sustentado por uma maioria sólida de deputados.
Hoje, Lira tem votos para atrapalhar ou ajudar o Planalto, enquanto Lula ainda tenta colocar de pé uma base aliada.
Essa diferença se aprofunda a medida em que o governo decide negociar ocupação de espaços, liberando cargos e orçamento por meio de emendas.
Como, na visão do Congresso, anda tudo meio parado nesse sentido, é Lira quem se fortalece ainda mais como a liderança política capaz de se impor para obter acordos mais vantajosos aos parlamentares.
É daí que vem a fama de cumpridor de acordos do alagoano.
Reforma tributária
O governo sabe disso, tanto que terceirizou a Lira as negociações pela aprovação da reforma tributária.
No desfecho das Medidas Provisórias, um revês aos planos do presidente da Câmara tem tudo para atrasar o já atrasado cronograma de votações do Planalto no Congresso.
Adversários políticos do presidente da Câmara dizem que a força dele é operar no caos. Não é qualquer definição quando se olha a piora na perspectiva econômica e a aposta de Lula na já calcificada polarização do país.
Cenário parecido ao do período bolsonarista
O presidente da República achou que a vitória da urna daria fim ao semipresidencialismo informal.
Mas, a realidade que se impõe na relação com o Congresso indica que o cenário na relação com o Executivo não será tão diferente do período bolsonarista.
O que sugere que o governo terá de ceder mais espaço ao grupo político de Lira se quiser governar.
Com informações de Inteligência Financeira/Jota