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sábado, 27 abril, 2024

Cotas raciais: preconceito velado!

Diferentes raças: somos todos iguais

Voltaram à tona as discussões sobre a criação de cotas raciais no ensino universitário. Em São Paulo a USP está sendo criticada por protelar, o máximo possível, a criação de um programa que destine parte das suas vagas para afrodescendentes e pessoas carentes. A Universidade alega que vai, primeiro, fazer um seminário para discutir a questão. No momento em que isso se torna frequente em nossas manchetes, o Governo Federal anuncia que vai ampliar seu programa de cotas raciais, também, para o serviço público. É o que o governo chama de “políticas afirmativas”. Afirmativas do que? De que devemos tratar certas etnias de forma diferente como se fossem inferiores? Me desculpem caros amigos, mas não vejo as cotas raciais como solução.

Há muito se foi o tempo em que os negros (que alguns preferem se intitular afrodescendentes) eram escravos a serviço de coronéis. A civilização evoluiu e apesar de ainda haver certa discriminação social e racial, o Brasil não é e nunca foi considerado um país racista. Pelo contrário, o orgulho é termos em nossas raízes etnias e culturas que se fortaleceram com a história desses escravos que por aqui chegaram e viveram.

Se por um lado o programa de cotas raciais cria mais oportunidades para que afrodescendentes e pessoas carentes consigam estudar ou trabalhar no serviço público, ao mesmo tempo surge mais como um atestado de discriminação e preconceito que estamos assinando ao permitir sua criação. Eu não consigo enxergar que uma pessoa negra seja diferente de mim, não tenha as mesmas oportunidades profissionais ou pessoais. Mas ao criar cotas estamos dizendo a eles: “olha, vocês são diferentes portanto precisam de um empurrãozinho”. Acho que estaremos diminuindo a importância que esses seres humanos, como quaisquer outros, tem na nossa sociedade.

Me pergunto, muitas vezes, porque isso acontece com os afrodescendentes. Judeus também foram subjugados pelos alemães e os japoneses foram massacrados pelos americanos. Ambos, talvez, de forma muito mais cruel. E nem por isso eles tem dia especial considerado feriado ou vaga especial em universidades. Porque? Porque são raças como quaisquer outras, importantes para a nossa sociedade, no processo de construção de uma cidadania forte e sólida. Assim como a raça negra que, cada vez mais, conquista espaço na política, na justiça (vide o ministro Joaquim Barbosa), nas artes, no mundo empresarial, na cultura, nas ciências, em todas as demais áreas. E duvido que alguns desses iluminados tenham necessitado de uma cota racial numa universidade ou no emprego para chegar onde chegou.

Acho a questão das cotas uma discussão pífia e preconceituosa, uma perda de tempo que só reforça a discriminação racial e torna diminuta a capacidade de conquistas de um povo tão raçudo e forte. Cor não define competência e esse tipo de proposta subestima os negros. Ou será que num concurso público qualquer ou vestibular eles preferiam ser escolhidos pelo tom da pele e não pela sua capacidade e qualificação? Isso cheira mais a uma jogada político-eleitoreira em que partidos adversários tentam levantar bandeiras sobre o que consideram certo ou errado mas não explicam porque.

A nossa sociedade até tenta enxergar que as diferenças não existem mais, mas determinadas políticas públicas fazem questão de ressaltar que brancos, negros, japonese e indios são diferentes, merecem ser tratados de forma individual. Chega de preconceito! Pobres, miseráveis e portadores de deficiência física e mental sim, independente da cor ou raça, precisam ter políticas bem definidas para que a distância entre as classes sociais não seja tão imensa e tão injusta. Agora, afrodescendentes não precisam de esmolas em forma de cotas raciais para serem melhores, para conquistarem seu lugar na sociedade. Isso eles já conseguiram. E com louvor!

Ao invés de criar cotas, o governo deveria – isso sim – investir na qualidade do ensino publico em todos os níveis, pagando e preparando melhor os professores e estruturando mais as escolas e as políticas de ensino. Isso traria mais resultados e tornaria dispensáveis as discussões polêmicas e anti-democráticas que, na minha opinião, só diminuem a importância de determinados grupos sociais.

Ogg Ibrahim
Ogg Ibrahimhttp://oggibrahim.com.br
Jornalista com 34 anos de profissão, ex-repórter nacional da Rede Record, Mestre de Cerimônias, radialista e Palestrante, Produtor de vídeos e CEO na Talk Soluções em Comunicação.

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6 COMENTÁRIOS

  1. Olá, Ogg!
    Primeiramente quero lhe parabenizar pelo blog. Sempre leio e gosto muito do seu ponto de vista em relação a várias temas.
    Li o texto em relação a cotas raciais. Concordo em praticamente tudo que você escreveu, porém, menos em uma frase em que você fala (escreve): “Há muito se foi o tempo em que os negros (que agora fazem questão de se intitular afrodescendentes)”. Eu sou negro e NUNCA me intitulei com afrodescendentes e nem faço questão. Se a maioria dos negros fazem essa questão, eu apenas lamento. Enfim, parabéns pelo blog

  2. Concordo em parte com seu cometário´acredito que deveríamos ter cota social. Se vc for as faculdades que deveria ser para quem não tem condição de pagar pelos estudos e esta cheia de carros de bacana.
    Acho engraçado ninguém reclama desta situação, mas vivem reclamando dos que entram pelas cotas dos assistidos pelo bolsa família. O Brasil desigual em que os menos favorecidos são sempre julgados. Devíamos lutar por uma escola de qualidade para todos.
    Olhem para os mensalões, os desvios de verba, as politicagens, os fovorecimentos e etc…
    e

  3. Um comentário desse só poderia vir de uma pessoa alienada da realidade social do Brasil. Há discriminação sim! Há preconceito sim! Resta provado em seu comentário. As cotas raciais nada mais são que o respeito ao princípio da isonomia onde é dado um tratamento desigual para as pessoas na medida de sua desigualdade, é para corrigir mais de 100 anos de injustiça social, visa minorar o abandono histórico do povo negro, como a falta de políticas públicas de ensino de qualidade, de moradia, de oportunidades de emprego.
    Como pode uma pessoa que estudou toda a sua vida em escolas públicas competir igualmente a uma vaga em uma faculdade com pessoas que estudaram nas melhores escolas particulares com uma realidade social extremamente diferente? Lógico que não terão êxito. essa prática antes aplicada não é meritocracia, mas exclusão social e racial.
    As cotas proporcionam uma competição justa com pessoas do mesmo nível ao ingresso no ensino superior. Se ele tem dificuldades, as faculdades devem promover turmas para nivelamento.

    Os negros pobres não têm culpa da omissão do Estado em promover uma educação de qualidade, e tem mais, àqueles que tem condições econômicas de pagar uma faculdade particular deveriam ressarcir o erário, uma vez que não são hipossuficientes, a faculdade pública é para os pobres, negros, índios e brancos pobres.

    Quanto ao Ministro do STF Joaquim Barbosa, eu não acredito que ele queira que os negros pobres passem pelas mesmas dificuldades porque ela passou.

    Aliás, ele também é cotista no STF, não só está lá por mérito, mas por indicação para ser o primeiro Ministro negro do STF.

    O Brasil tem uma dívida social e histórica com o negro deste país, pois tirou-lhe o nome da família, a origem, o idioma, a história, a cultura, ou seja, praticou um genocídio com o povo negro. E o deixou ao relento. E você vem a público dizer que hoje as oportunidades são iguais aqui no Brasil, você nunca deve ter entrado numa favela, nunca morou em barraco de madeira, nunca teve que trabalhar quando criança para ajudar seu pai e sua mãe que não tiveram oportunidade de estudar, nunca observou que os cargos mais altos nas empresas são de pessoas brancas, que a maioria dos negros são faxineiros ou seguranças. Isso tem uma causa. O abandono histórico. Em que país você mora? Demonstra apenas que desconhece a História brasileira.
    Porque não comenta sobre isto? Aí sim, seria buscar a justiça social.

  4. Você deve ter recebido vários comentários derrubando o teu argumento fraco e pífio, mas não postou demonstrando covardia em encarar a realidade brasileira, tenho a certeza que não foram só esses três comentários que postaram. Opinião pessoal, você é um covarde e se esconde atrás de um post pra demonstrar todo o seu racismo e sua indiferença pela situação dos menos favorecidos. Deve ser filho de um antigo coronel ou parente de um capitão hereditário. Se quiser postar…

  5. Não concordo com seu texto, como podemos afirmar que pessoas de classes sociais diferentes tenham direito de igualdade, onde uma pessoa estuda a vida inteira em escolas particulares disputa uma vaga com alguém que pelo contrário estudou sempre em escolas públicas? Certamente o da escola pública já está em desvantagem, portanto as contas nas universidades públicas são sociais e raciais. E concordo que sejam Justas, dessa maneira o país tenta aos poucos reparar um problema histórico chamado desigualdade social, pois durante muitos anos o pobre no Brasil permanecia pobre não porque não trabalhava, pelo contrário sempre foi o povo que mais isso fez, hoje pode-se esperar mais do futuro de pessoas que nascem nas periferias do nosso país onde o direito de equidade lhe estão sendo oferecidos.
    Uma breve leitura sobre o Plano Marshall e Doutrina Truman nos ajudam a entender esse rápido renascimento da economia alemã e japonesa.

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