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sábado, 27 abril, 2024

Comprando gato por lebre. Clichê, mas real!

Não, eu não fui comido! Já cheguei pela metade mesmo!

A foto acima mostra uma situação que eu mesmo vivenciei. Minha mulher foi ao supermercado e comprou este sorvete. Ao abrir a embalagem ele estava assim: praticamente pela metade e com uma boa camada de gelo por cima. Nos sentimos lesados e, pior que isso, enganados, passados para trás. Deu vontade de, ao invés de voltar ao supermercado para trocar o produto, jogá-lo no meio da rua e nunca mais consumir esta marca. Não sem antes, claro, de compartilhar essa situação lamentável de desprezo com o consumidor nas redes sociais para que outros não caiam nisso que eu chamo de golpe contra a economia popular.

Já estamos pagando bem mais caro por uma quantidade de produtos bem inferior ao que consumíamos não muito tempo atrás. Será que ninguém reparou que muitas fábricas diminuíram as embalagens, tamanho e peso de muita coisa sem diminuir um centavo sequer no preço?

Vamos a um exemplo: o chocolate BIS. Viram como diminuiu de tamanho? Antes eram 140 gramas, agora são 126. Uma diminuição de 10% nas medidas que não afetou em nada o seu preço. A desculpa da fabricante é de que “a medida foi necessária para se evitar um aumento do preço final ao consumidor”. Oras, teria sido mais honesto aumentar o preço, porque sabemos que tudo sobe de acordo com a inflação, do que entregar menos cobrando a mesma coisa. E sem comunicar esse tipo de manobra, o que é mais desrespeitoso ainda.

Quantas pessoas não compram frango congelado no supermercado, que é cobrado pelo preço do quilo, e quando abrem a embalagem constatam que ela contém boa parte de gelo. E você pagou caro por essa água congelada que vem ali dentro! Dá pra ficar impassível a uma malandragem dessa?

Veja este texto copiado de uma matéria do jornal O Globo sobre o assunto:

“Refrigerantes, aveia, achocolatados, biscoitos e sorvetes são alguns dos alimentos e bebidas que surpreenderam nos últimos anos, ao terem o peso ou a quantidade diminuídas pelos fabricantes. Se o rótulo da embalagem comunicar a mudança por três meses a partir da alteração, como determina a Portaria 81 do Ministério da Justiça (MJ), não há ilegalidade alguma. O problema é que nem sempre isso ocorre. Desde a entrada em vigor da norma, em 2002, o MJ já aplicou centenas de multas por descumprimento, totalizando mais de R$ 35 milhões em punições a fornecedores.”

Sabe o que isso significa? Que existe uma inflação oculta pesando ainda mais no bolso do consumidor e quase ninguém percebe. Os especialistas em direito do consumidor chamam isso de “Maquiagem de Produto”, uma prática ilegal que tem gerado um volume de multas cada vez maior para os fabricantes.

Quer outros exemplos? A Lacta foi outra empresa que vem diminuindo o peso da sua caixa de bombons mas não o preço: antes eram 400g, depois passou a 378g, agora 332g. Daqui a pouco abriremos a embalagem, que não mudou de tamanho, e encontraremos apenas um chocolate ali.

Mesmo exemplo com a caixa de bombons da Garoto. Elas que antes tinham 400g agora vem com 45 gramas a menos (355g). Mas as dimensões da caixa permanecem as mesmas o que leva o consumidor a acreditar que está levando o mesmo produto, na mesma quantidade de antes. Há uma microscópica inscrição na caixa que alerta sobre a mudança do peso mas é como entrelinhas de um contrato – quase ninguém percebe ou enxerga. Além disso barras de chocolate da mesma marca baixaram seu peso de de 170 para 150 gramas. E o preço? Humpf, esquece! Está até mais caro!

Hoje os direitos dos consumidores estão mais fortes, mas ainda falta muito para que nos sintamos num país de primeiro mundo. Graças, principalmente, às redes sociais que servem de vitrine para denúncias de abusos, as empresas estão mais preocupadas (bom, nem tanto assim!) em, pelo menos, responder às reclamações. Tanto que algumas delas criaram departamentos exclusivos para cuidar de mídias como Facebook, Twitter e Instagran, para monitorar o que os consumidores andam falando de suas marcas.

Temos a faca e o queijo na mão. E mais a goiabada, pra fazer nossos direitos valerem pra valer. Só precisamos aprender a usar isso direito. Quem sabe assim acabamos com os abusos a que somos submetidos constantemente. O que falta aqui no Brasil e que já existe em alguns países da Europa e Estados Unidos é o boicote a determinado produto que não atende aos anseios da população. Ou seja, subiu demais, piorou a qualidade, as pessoas deixam de comprar por um tempo até que os fabricantes passem a respeitá-los mais. E isso dá certo!

Enquanto formos um povo que aceita tudo, engole tudo e só briga pra valer por causa de 20 centavos, qualquer um vai fazer da gente o que bem entender. Até nos fazer pagar bem mais por um chocolate que vai a gente vai comer bem menos. Acorda povo!

Ogg Ibrahim
Ogg Ibrahimhttp://oggibrahim.com.br
Jornalista com 34 anos de profissão, ex-repórter nacional da Rede Record, Mestre de Cerimônias, radialista e Palestrante, Produtor de vídeos e CEO na Talk Soluções em Comunicação.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Já dancei, muito! Hoje em dia, nem procuro mais “gato” para comprar, pois não existe mais. Existe, sim, muitas lebres. Na minha casa, quem faz as compras, sou eu. E de tanto apanhar, tudo que vai para o carrinho, hoje em dia, confiro(quase) tudo: validade, aspecto, qualidade, tem mercadoria que foge de nosso olhômetro, né? Um dia desses, comprei dois potes de manteiga, sendo que um, estava, quase pela metade. Foi sorte! Na mesma hora, peguei outro e claro, estava regular. Hoje em dia, sigo as regras, de uma frase que achei interessante: escamo o peixe, de olho no gato. Legal!

  2. Eu tenho reparado em tudo isso e tenho evitado comprar dessas marcas que fazem isso com o consumidor. Elas estão nos enganando, e outra, estas caixas de bombons além de diminuírem o tamanho, caiu a qualidade, muito açúcar e gordura. Não compro mais.

  3. Aconteceu hoje comigo a questão do sorvete da marca NESTLÉ. Quase METADE da embalagem do sorvete de GELO, no fundo do pote.

  4. Meu caro Ogg, você como excelente jornalista que é, ainda não sacou que isso faz parte do Programa “Meu vento, Minha comida”?…

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