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sábado, 5 outubro, 2024

O efeito Copa!

Olá amigos e leitores. Finalmente, depois de 34 dias de merecidas férias, estou de volta. Perdoem-me a ausência, mas era necessário renovar as idéias, buscar inspirações e motivações para continuar escrevendo. Energias renovadas, vamos lá!

“Imagina na Copa!”

Essa frase tem se tornado uma constante para ressaltar coisas que não tem dado muito certo ultimamente. Se está ruim agora, imagina quando a coisa acontecer pra valer – é isso que ela quer dizer. E depois de perambular por aí nestas férias, percebi que não precisaremos esperar pelo evento futebolístico para constatar algumas atrocidades. Vou dar exemplos.

Logo no início das minhas férias fui a Natal, uma das cidades turísticas do nordeste para a qual eu ainda não tinha ido. Gosto do nordeste por causa do sol intenso, das poucas chuvas, da hospitalidade do seu povo e da beleza de suas praias. Mas deste vez me decepcionei. Nas três saídas que dei do resort para conhecer as praias, senti na pela a exploração que o turista, seja de onde for, já está sofrendo em razão de sediarmos um dos mais importantes eventos do mundo. Passeios caríssimos e sem nenhuma qualidade ou estrutura, guias que mal falam o português, que dirá outra língua, e extorsão de barracas e restaurantes de praia. Até mesmo no hotel em que eu estava.

A comida no nordeste já não é mais tão barata como a gente sabia que era. Num dos meus passeios à Praia de Genipabu fui literalmente feito de idiota por não ter perguntado antes o preço de uma porção de isca de peixe. Quando pedi o cardápio na Barraca da Evanilda (guardem bem este nome), o “gentil” garçom apenas me trouxe uma caixa de peixe fresco para que eu escolhesse um exemplar e disse “Esse aqui doutô é o nosso cardápio ao vivo”. Escolhi e pedi que dele fossem feitas as tais iscas. Não perguntei o preço pois imaginava que, comparando com outros restaurantes que eu já tinha ido, não passaria de 35, 40 reais. Ledo engano! Quando a conta veio apontando consumo de uma água de coco, um suco, uma cerveja e outros petiscos para mim, minha mulher e minha filha, somava 178 reais! Isso mesmo 178 reais! O preço que eu gastaria no jantar de um casal num restaurante médio em São Paulo. Só pela isca de peixe, “me roubaram” CEM REAIS!! UM ABSURDO! Xinguei, ponderei, discuti e acabei tendo de pagar a conta salgada por não ter tido a esperteza de perguntar o preço antes e nem de ter olhado o cardápio. A alegação do garçom era de que o peixe era fresco, tinha acabado de ser pescado. Mas, oras, o dia em que eu não comer peixe fresco numa barraca de praia, o apocalipse chegou. E outra: eles me cobraram CEM REAIS por um peixe que pegaram DE GRAÇA ali no mar??

Quem mandou eu ter cara e cor de turista americano!!

Barraca da Evanilda, Praia de Genipabu – Natal/RN: extorsão através de preços abusivos.

Mas este foi apenas um dos exemplos. No centrinho comercial que vende artesanatos e lembranças de Natal, preços de shopping de zona sul para produtos manufaturados e que servem apenas para você se lembrar que esteve em Natal. 200 reais por uma rede (que pago 30 em qualquer semáforo de São Paulo – e que veio de lá mesmo), 60 por um jogo de suporte de pratos, e aí vai. É claro que sai de lá quase de mãos vazias. Aproveitei para conversar com um dos comerciantes e perguntei o porque dos preços tão altos. Sem nenhuma vergonha ele me disse: “A gente vai aumentando aos poucos pra quando chegar na Copa a gente faturar um pouquinho mais. Depois a gente abaixa!”. Disse isso com a maior cara de pau e a “inocência” clássica dos nordestinos.

Então meus amigos, “imaginem na copa”, principalmente nas cidades que sediarão jogos, como Natal.

Também senti esse tipo de “reajuste escalonado” em Florianópolis, pra onde fui logo depois de Natal. Aluguéis, restaurantes, locação de carros… tudo bem mais caro que no ano passado quando estive por lá, também de férias. E pergunto onde vamos parar assim? Já não bastasse a conta que estamos pagando por conta das obras milionárias dos estádios, nós que moramos aqui no Brasil, ainda temos de suportar essa “malandragem” tupiniquim como se fôssemos de fora.

Se me perguntarem o que eu espero da Copa do Mundo eu respondo: “Espero que termine logo” e quase sem sequelas para o nosso sofrido povo que já paga conta altas demais. Não posso sequer reclamar pelo que senti na pele pois graças a Deus tenho condições de suportar esse tipo de extorsão. Mas não gosto de ser feito de trouxa. E não gosto de saber que um povo tão batalhador poderá estar comemorando o hexa enquanto na surdina o governo arquiteta planos para enfiar ainda mais a mão nos nossos bolsos.

Minha cara Seleção Brasileira, meus admirados jogadores, me desculpem mas, desta vez não vou torcer por vocês!

Ogg Ibrahim
Ogg Ibrahimhttp://oggibrahim.com.br
Jornalista com 34 anos de profissão, ex-repórter nacional da Rede Record, Mestre de Cerimônias, radialista e Palestrante, Produtor de vídeos e CEO na Talk Soluções em Comunicação.

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